segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Um mundo sobre rodas


Quando comecei a faculdade de jornalismo mal sabia eu que não conheceria apenas o mundo dos universitários, conheceria também a vida de uma pessoa que viaja aproximadamente 200 km por dia para estudar.
Esse mundo se torna realidade às 17h45, de segunda à sexta-feira, quando uma legião de estudantes, aproximadamente 50, entra no ônibus número 2500 rumo à cidade de São José do Rio Preto.
Neste mundo nos encontramos com gente de todo o tipo, pessoas encrenqueiras que não sabem viver em sociedade e vozes irritantes por todo o trajeto.
Para me livrar desses desagrados tratei, logo no primeiro ano, de comprar um mp3 player. Não gosto de zoeira. A partir deste dia viajei na companhia de grandes cantores, de Madonna à Maysa, de Caetano a Cazuza, passei por todos os estilos musicais.
Um feito incomum é comemorado até hoje, as poucas vezes que eu peguei no sono. Nesses quase quatro anos posso contar nos dedos quantas vezes isso aconteceu...
Este mundo também para. E por motivos nada espetaculares. Um pneu furado, um vidro quebrado, ou coisinhas do tipo. Nessas paradas aproveitamos para fazer fotos, gravar vídeos que acabam de forma muito engraçadas.
Tal mundo ainda é para poucos. Luxo também ocorre, volta e meia surge um “busão” com ar e DVD.
Intrigas, fofocas, disse que disse, conversa alta. Ah! Isso tem de montão, e faço questão de manter-me afastado. Porém, quase tudo o que se passa nos corredores do 2500 eu acabo sabendo.
Em todos esses anos viajando, conheci pessoas inesquecíveis, fiz amizades que vão durar por toda a vida. Todavia, terei imenso prazer em deletar da memória algumas pessoas.
Estou quase formado e já conto os meses que ainda terei que viajar. No entanto, essa grande e longa aventura em um mundo até então desconhecido hoje é vista como algo natural. Esses quase quatro anos de viajem para a faculdade foram parte fundamental para a o meu amadurecimento intelectual e jamais irei esquecer.
Levo comigo também aquela dorzinha nas costas, um leve desvio no pescoço, nada que algumas sessões de fisioterapia com a minha grande amiga e vizinha de poltrona não resolvam. Se tiver problemas alimentares, é só procurar a futura nutricionista que senta na primeira poltrona e se eu estiver só e quiser conversar ligo pra qualquer um deles. É conversa boa na certa!